Pular para o conteúdo principal

Entrevista: banda Punch

por Mário Megatallica

A banda Punch surgiu em 1994 em Goiânia, numa época em que o Heavy Metal estava passando por uma fase muito difícil no mundo todo, já que as bandas que faziam sucesso praticavam uma mistura de Metal com outros estilos, como funk, rap e até pop; em poucos anos ainda haveria o estouro do New Metal. Em Goiânia o Punch simbolizou bem esse espírito de mistura com outros estilos. Tendo influências de Metallica, Slayer, Megadeth, Fear Factory, Machine Head, Korn, Soulfly, entre muitas outras, a banda fazia um som pouco ortodoxo e bem particular, o que fez com que chamassem atenção na cena desde os primeiros shows. Após quase três anos tocando quase todos os fins de semana em todos os tipos de lugares possíveis, a banda lançou a demo Freedom e o álbum Cesium 137. E como a cena goianiense já estava dominada, seus integrantes (Flávio Pessoa e Ricardo Darin - guitarras; Fernando - bateria; Vinícius "Tattoo" - baixo; e Íkaro Santana - vocal) resolveram partir para fora do país, se mudando no ano 2000 para Los Angeles, na Califórnia, EUA, onde a banda se encerrou em dois anos. Quase uma década depois, a banda se prepara para tocar no 15º Goiania Noise Fest, trazendo um clima de nostalgia ao evento. O A&RR aproveitou para conversar sobre tudo isso com um dos personagens principais desta saga, o vocalista Íkaro Santana. Confira esta entrevista logo abaixo:


Como surgiu a banda Punch? Conte um pouco do começo da banda, da definição do seu estilo, etc...

Íkaro: A banda surgiu no início de 1994. Chegamos a ter outros dois bateristas até chegar ao Fernando pois a banda já contava comigo, com o Flávio, o Ricardo e o Vinicius. Nunca falamos que estilo a banda iria ter; cada integrante tem e tinha diferente influências, como Metal, Hardcore e Death.


A banda Punch não seguia a vocação goianiense do Thrash/Death Metal à risca, mas mesmo assim acabou sendo bem acolhida pelo público. Quais foram os fatores determinantes para essa aceitação?

Acho que o maior fator foi esta diferença de estilos que tentamos misturar. O Punch foi enfluenciado desde Down, Downset, Strife, Metallica, Slayer, Death, Carcass, mas acho que o maior fator que tivemos para obter o respeito do público foi a energia do show ao vivo.


Como era tocar vários fins de semana seguidos e com bandas que não tinham muito a ver com o som do Punch? Lembro-me de ter ido a uma apresentação da banda na qual uma dupla de rappers subiu ao palco depois de vocês...

(gargalhadas) No início o que vinha a gente pegava. Chegamos a tocar até em galinheiro! O importante é manter a cabeça aberta e ter humildade. E não importa quem está vendo o show pois sempre terá alguém que vai gostar do que você está fazendo.

Como as músicas eram construídas? Quem era o principal responsável pela sonoridade da banda? Havia algum tipo de direcionamento?

Não. O Ricardo, o Flávio e o Vinicius sempre chegavam com um riff novo e íamos tocando até chegar no esqueleto da música. Às vezes um ou outro chegava com um música completa. Mas a parte de vocal sempre ficou por minha conta.


Depois de um grande período de shows e com um grande número de fãs, o Punch resolveu lançar um demotape. Conte como foi o processo de gravação e a repercussão da demo Freedom.

Eu so o maior fã desta demo. Lembro que iria rolar um show dos Raimundos em Goiânia e falei com o promotor, o Reinaldo da Promix, para ver se rolava do Punch tocar. Ele me pediu uma demo, então juntei os meninos e gravamos a demo meio que ao vivo no estúdio e o resultado final ficou foda! O final da história foi que o Punch abriu para o Raimundos e depois disto o público triplicou. Foi um momento muito especial.



A banda recebeu em 1999 uma proposta de uma pessoa do meio musical americano para fazer alguns shows nos EUA, o que fez com que todos deixassem tudo que foi construído durante anos para trás e partisse para a conquista do famoso “sonho americano”. O que de fato foi oferecido à banda naquela época?

Vários shows e oportunidade de tocar para pessoas da indústria do Metal dos EUA.



Como foi a vida de vocês após a entrada em solo americano?

Foi bem complicada no início pois o produtor dos shows não fez nada do que tinha dito para banda! Aí mano foi uma correria total à procura de trabalho, lugar para morar e shows.



A cena americana era totalmente diferente da goianiense naquela época e a sonoridade do Punch com certeza também era. Além disso os americanos tratam a música de forma totalmente profissional, em todos seus aspectos; quase ninguém entra nesse mercado apenas por diversão. Conte como foi a adaptação da banda na cena musical americana da época e como o Punch tentou se sobressair em relação às outras bandas.

A primeira coisa que fizemos foi trocar todos os instrumentos para podermos estar no mesmo nível sonoro das bandas dos EUA. Qualquer banda pequena e independente tocava como banda grande, tanto a parte sonora quanto o show em geral. A outra coisa foi tentar fazer algo diferente do que estava rolando na época. Tentamos fazer algo original, que o público ainda não tinha visto; foi a aprtir daí que escrevemos algumas músicas em inglês e português, misturando ritmos brasileiros.



Os problemas surgiram e em pouco tempo alguns dos integrantes resolveram abandonar tudo e voltar para o Brasil. O que deu errado nessa empreitada?

Acho que a primeira coisa foi o produtor que furou com a banda. Segundo, eu pessoalmente acho que eu e o pessoal da banda éramos muito imaturos na época. Foi um choque de cultura e de vida. Aqui (nos Estados Unidos) você não tem ninguém para olhar por você; é só voce e Deus. Mas mesmo assim lutamos quase dois anos.



Quase uma década depois do fim da banda e onze anos após a última apresentação em um Goiania Noise (a última foi no quarto Goiania Noise em 1998, no cine Santa Maria, num sábado) a banda volta à ativa para tocar na edição 2009 deste festival. Isto pegou todos de surpresa! Como e por que aconteceu essa volta?

Essa história rolou com a idéia de um amigo nosso que se chama Guerino. Depois disto falei com os caras da banda - Flávio, Ricardo e Vinicius - e deu no que deu. Depois falei com o Fabrício Nobre da Monstro para ver se rolava de armar um show com o Punch e ele deu a idéia de tocar no Goiania Noise.



Creio que foi necessário um grande esforço para fazer esse show acontecer, afinal, a banda teria que resolver alguns problemas internos de relacionamentos gerados pelo desgaste da empreitada americana e também pelo fato de você ainda viver nos EUA. Como estão sendo os preparativos para este show? Haverá alguma novidade, alguma surpresa?

Acho que o maior esforço esta sendo fazer os ensaios, voltar a tocar as músicas que não tocamos há dez anos. E eu estarei chegando quatro dias antes do show para ensaiar com a banda e botar quente. Acho que a maior surpresa será tocar as músicas novas que nunca tocamos para o público goiano.



Quais são os planos para o futuro do Punch após o show do Goiania Noise 2009? Aproveite para deixar uma mensagem para os fãs.

Não há planos para o futuro pois ainda vivo nos EUA e ainda temos que ver como será a química depois de dez anos. Mas muito obrigado de coração pela oportunidade de falar com nosso público através do seu site e espero ver todos no show. Vamos quebrar tudo!!






























Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os 10 programas de gravação de áudio mais populares em estúdio

por Mário Megatallica Programas de gravação de áudio existem vários. No entanto, somente os mais profissionais sobressaem no mercado de produtos para estúdio. E quando se diz "profissional", entenda: software com layout e aparência leves e bem organizados, com barra de ferramenta bem visível e que garanta um atalho às principais funções do programa, com linha de tempo dividida em compassos e segundos, várias ferramentas de edição (sendo as mais utilizadas acessíveis com apenas um clique), instrumentos virtuais diversos, ótimos plugins de efeitos nativos, suporte para plugins VSTs externos (não-nativos), mixer virtual bem visível e de preferência com as mesmas funções de uma mesa de som convencional com opções de saídas e entradas auxiliares, que possua um número ilimitado de canais de áudio e midi, que trabalhe com função "rewire",etc... Ableton Live. Um software de produção de áudio (também conhecido como DAW, do inglês "digital audio workstatio...

Lançamento: Far From Everything lança o EP "The Howl of the Winds"

Far From Everything lança o EP "The Howl of the Winds"   Far  From Everything, um projeto iniciado em 2019 pelo músico e produtor Edmilson Bezerra, em São Paulo (SP), lançou recentemente o EP  "The Howl of the Winds" - um disco de Black Metal com cinco faixas produzido pelo próprio Edmilson (responsável pelas composições, guitarras, baixo, teclado e letras) com a colaboração de Ed Carlos (responsável pelo vocal) . As faixas do EP "The Howl of the Winds" são as seguintes: Under the immortal winds Beyond my existence Full moon night On the other side of the soul The spirits of the vast forests   O EP está disponível tanto em formato digital, inseridos nas maiores plataformas, como também em formato físico, em CDR-PRO Digipack. Você pode conferir o EP "The Howl of the Wind" completo clicando aqui ou no player abaixo.   Contato: instagram.com/_projeto_far_from_everything   Edmilson Bezerra            ...

Line 6 lança linha POD HD de pedaleiras

A Line 6, famosa fabricante americana de pedaleiras e pedais para guitarra e baixo, lançou sua nova linha de pedaleiras POD. Após o sucesso da POD XT Live, a empresa lança as POD HD300, HD400 e HD500 . A POD HD 500 Line 6, simulador de amplificadores e efeitos de alta definição, possui 16 modelos de amplificadores, mais de 100 efeitos, 128 presets de usuário e 512 presets de fábrica. E mais: • 16 modelos de amplificadores HD  • 100 modelos de efeitos  • 8 efeitos simultâneos  • 128 presets de usuário  • 512 presets de fábrica  • Looper de 48 segundos com controles dedicados  • 12 footswitches de metal  • Entrada auxiliar 1/4"  • Entrada de microfone (com trim)  • Variax Digital Input (VDI)  • Saídas Main 1/4" desbalanceadas (L+R)  • Saída 1/4" estéreo para fones  • Saídas XLR (L+R)  • Saída S/PDIF  • L6 LINK™ Jack  • Stereo FX return  • MIDI I/O (In/Out/Thru)  • Entrada MP3/CD  • Afinador integr...