A principal crítica dos detratores dos videogames musicais é que eles são uma simulação rasteira e limitada da experiência de tocar um instrumento. Há também quem diga que, mais do que perder tempo jogando Guitar Hero ou Rock Band, o jogador deveria tentar montar uma banda de verdade.
Foi talvez levando essas reclamações ao pé da letra que a produtora Harmonix (a responsável por The Beatles: Rock Band) decidiu levar o gênero musical para um nível acima. Na feira Electronic Entertainment Expo, que terminou na quinta, 17, em Los Angeles, a empresa revelou detalhes sobre Rock Band 3, o próximo capítulo do simulador musical mais popular da atualidade.
Apesar de o game permanecer fiel às suas raízes - o jogador "toca" músicas utilizando joysticks de plástico que simulam instrumentos, como guitarra, baixo e bateria -, há novidades significativas na nova versão. Uma delas é a introdução de mais um instrumento à experiência: a maioria das músicas disponíveis no game terá partes de teclado, que poderão ser reproduzidas com um instrumento MIDI de duas oitavas, vendido separadamente. Se o jogador já possuir um teclado com saída MIDI, ele também será compatível com Rock Band 3: só será preciso comprar um acessório chamado "MIDI Pro Adapter", que permite a conexão do instrumento ao videogame.
A outra grande revolução de Rock Band 3 é a possibilidade de se usar uma guitarra de verdade para tocar as músicas do game. Não exatamente qualquer guitarra, mas um instrumento híbrido fabricado em parceria com a Fender Squier, que servirá tanto como joystick no game como para a prática musical na vida real. A guitarra, à primeira vista, é idêntica a uma Stratocaster tradicional, com seis cordas e o mesmo peso e tamanho do instrumento eternizado por Jimi Hendrix. As diferenças estão nos detalhes. No lugar de um dos captadores, há um grande botão que, se pressionado, prende as cordas na parte de baixo, evitando que elas vibrem (ficando, assim, apropriada para ser utilizada no jogo). No corpo da guitarra se encontram os botões de comando que normalmente se encontram em um joystick de videogame.
A guitarra híbrida só funcionará no chamado modo "pro" do Rock Band 3. Nos Rock Band anteriores, o jogador precisava pressionar botões coloridos na guitarra de plástico de acordo com as notas coloridas que surgiam na tela. Já no novo game, as notas a ser tocadas aparecem como números passando por cima de uma representação das seis cordas, da mesma forma que uma tablatura tradicional - os números representam as casas onde cada corda deve ser pressionada. Para tocar a música, o jogador deve agir como se estivesse tocando de verdade: pressionando as cordas no braço da guitarra com a mão esquerda e golpeando as cordas com a mão direita (isso se for destro). Acordes também são indicados por letras, de modo que quem já tiver conhecimento musical terá mais facilidade para se dar bem.
Se jogado no modo "Easy", o jogo pede que pouquíssimas notas sejam tocadas ao longo da música. Já na dificuldade "Expert", tocar em Rock Band 3 se assemelha completamente a experiência verdadeira, pelo menos na teoria. O jogador que já souber tocar determinada música na vida real poderá simplesmente tocá-la da mesma forma que faria em um ensaio ou um show. Só não há qualquer espaço para improviso: é preciso tocar exatamente da mesma maneira que o game propõe. Se o roqueiro souber executar a música de uma maneira diferente da do game (acordes em locais diferentes do braço a guitarra, por exemplo), não irá funcionar, mesmo que soe idêntico: o game capta a pressão exercida nas cordas, e não o som emitido por elas. Quem não tiver nenhum conhecimento musical pode ainda contar com os tutoriais oferecidos pelo jogo. E quando a brincadeira cansar, é possível pegar a mesma guitarra, plugar em um amplificador e tocar para valer.
Rock Band 3 tem lançamento previsto para o final do ano, assim como os novos instrumentos. A Harmonix ainda não revelou o preço da guitarra híbrida (que será vendida separadamente), mas é pouco provável que custe menos de US$ 300. O teclado deve custar US$ 79,99. Os aspectos diferenciados do game possivelmente darão sopros de ânimo a um gênero que parecia fadado à mesmice e que há poucos anos havia sido considerado "a salvação da indústria fonográfica". O que parece mais provável é que o público se inspire a montar bandas de verdade a partir da experiência realista com Rock Band 3.
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