O guitarrista e vocalista do Soulfly, Max Cavalera, concedeu uma entrevista para o site Zonapunk, na qual fala sobre o álbum Conquer e os vinte anos completados pelo álbum Beneath The Remains. Confira abaixo alguns trechos da entrevista:
ZP: Numa entrevista concedida em Junho de 2008, existia toda uma expectativa com o lançamento do "Conquer". O disco estava fresco no mercado e sendo muito bem recebido pelo público e imprensa. Atualmente, o "Conquer" (disco e turnê) confirmou as expectativas?
Tá legal. Acho que foi meio de surpresa porque o "Conquer" veio logo após o "Inflikted", então muita gente ficou até meio "caraio! já botou outro disco aí?". Teve gente até comentantando que o "Inflikted" foi sobra de estúdio do "Conquer"... Aí é foda (risos). Eu gosto muito dos dois trabalhos, sem essa que um é sobra de outro. Mas acho que o Conquer tem uma grande força mesmo, tipo a primeira música "Blood, Fire, War, Hate" é muito doida que já começa com um hino e o legal é que a molecada começa a cantar o refrão 10 minutos antes do início do show, isso nunca aconteceu antes, nem no Sepultura. Não existia uma música que o público cantasse o refrão, sempre era o nome da banda que era chamada e não uma música.
Num dos shows desta turnê, em Oxford (Inglaterra), você entrou encapuzado exatamente na música "Blood Fire War Hate". É de se confessar que dá um visual distinto e de certa forma bem agressivo mas sem agredir ao público. A primeira coisa que vem na cabeça, de alguma maneira é um protesto contra a violência. Algum motivo específico por entrar encapuzado? Alguma referência a guerra que se iniciava naquele momento, Palestina, Gaza?
Resolvi incrementar um pouco. Não foi pensando nestes problemas atuais que entrei encapuzado no palco mas acabou servindo e se for positivamente fica melhor ainda. Ao mesmo tempo a música "Blood, Fire, War, Hate" é "terrorista". É maior porrada, o mosh pit começa logo de cara e pensei no que dava para fazer para incrementar mais. Um dia estava na Holanda assistindo o filme Cidade de Deus e logo após tinha um documentário chamado Notícias de uma Guerra Particular e a entrevista que rolava neste documentário era com uns caras com capuz e tive esta idéia, esse documentário apesar de já ser antigo é muito foda. Em seguida fui numa loja de esportes de inverno e pedi um capuz terrorista, o cara não entendeu nada e perguntou "aqueles pra roubar banco?". Essa aí mesmo respondi, me dá dois! Fiquei um pouco preocupado porque os shows seguintes eram na Inglaterra e Irlanda e lá eles tem problemas com o IRA, mas por outro lado o pessoal não é tão chato quanto outros tipos de música que fica dissecando as coisas e encara tudo na boa. É isso que acho legal neste estilo de música e até porque não é um lance totalmente político. Sabe que é até punk-rock e leva na brincadeira. Se fosse nos Estados Unidos nem pensar. Lá você faz uma foto com um turbante e já era, no dia seguinte tá todo mundo te procurando, querendo saber qual a sua ligação com Bin Laden, etc.
Você comentou na mesma entrevista, ano passado, que o título do trabalho atual representava uma conquista após um conflito pessoal que durou 10 anos. Exatamente o mesmo tempo de vida do Soulfly e todo o ocorrido que todos já estamos cansados de saber. Nestes 10 anos Soulfly e Sepultura percorreram caminhos distintos. Com a chegada de "Conquer" e o Cavalera Conspiracy você(s) reassumem o posto ou entram em um novo estágio?
Aí uma pergunta que nem sei te responder ao certo. O lance que rolou com o "Conquer" e com o "Inflikted", que inclusive venho tocando "Sanctuary", particularmente uma música marcou muito porque foi a primeira que fiz com o Iggor e tem aquele refrão do "...everybody die tonight..." um refrão forte, e é a segunda música do show atualmente mas não é tocada inteira é só um trecho e acho bem legal. Mas estes dois discos, "Conquer" e "Inflikted", em termos de metal e de quem curtiu a melhor fase do Sepultura, são os que mais se aproximam daquela fase. Meu trabalho agora é tentar melhorar para o próximo. Acho que o Cavalera Conspiracy ocupa um novo posto e nada de tentar repetir algo, está aí uma coisa que não gosto e de bandas que tiveram seus momentos há uns anos tentar renascer com músicas do passado.
Em 2009, "Beneath the Remains" completou 20 anos, um disco que abriu definitivamente o caminho do Sepultura. O que mudou, se é que mudou, do Max de 20 anos atrás e do Max de hoje à frente de sua banda definitiva, Cavalera Conspiracy e com outros projetos na cabeça. E como tocamos anteriormente no assunto da vaidade no mundo do metal, você, apesar do estilo musical extremo e das mensagens bem definidas, sempre passa uma imagem de humildade e simplicidade, com um semblante tranquilo e não com aquele velho clichê de caretas e gestos, como definir este comportamento dentro destes 20 anos desde "Beneath the Remains"?
Estou mais feio, mais barbudo, continuo não tomando muito banho e tocando "Inner Self" (risos), acho que não mudei muito não. Com relação ao meu estilo, acho que é coisa de brasileiro né?! Pode ser que algum artista brasileiro tenha alguma vaidade mas acho que a maioria tem esse comportamento diferente e sem vaidades, conhecemos uma outra realidade e não podemos esquecer disso. Particularmente nunca me imaginei como uma estrela do rock, acho que é até ao contrário. Quando saio em turnê ou participo de festivais vejo uns caras agindo de umas maneiras estranhas, com seguranças até no camarim quando não tem ninguém por perto. Tem outros que andam com 10 seguranças e nego nem dá bola pra eles, pra que isso?
Para conferir a entrevista completa basta clicar aqui.
Fonte: zonapunk.com.br
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