Será que o Metalcore morreu?
por Mário Megatallica
Enquanto escrevo este texto, estou ouvindo o novo álbum de uma das bandas de Metalcore mais antigas desse estilo, a alemã Caliban. Eles surgiram em torno de 1998 num lugar sem nenhuma tradição e nem outra banda de expressão nesse estilo já que naquela época a Alemanha - e o resto do mundo - se rendia ao Metal Melódico e ao Power Metal, com bandas como Helloween, Gamarray, Blind Guardian, Edguy, etc... talvez por isso o Caliban passou despercebido pela cena metálica da época, permanecendo como banda underground (status que, de certa forma, carrega até hoje).
Em 2001 surgiu nos EUA o Killswitch Engage, fazendo o mesmo tipo de som que o Caliban. Porém, com eles o resultado da empreitada sonora foi outro. Eles lançaram seu primeiro álbum (na verdade uma préprodução mal feita) de forma independente e chamaram tanta atenção na cena underground da época que rapidamente assinaram um contrato com uma grande gravadora e lançaram seu segundo álbum - o marcante Alive Or Just Breathing - em 2002, causando um tremor na cena metálica mundial e virando referência para centenas de jovens e aspirantes a rockstars. O som era inovador e acabou sendo batizado de Metalcore - uma mistura de Hardcore e Heavy Metal, porém, com refrões baseados em melodias vocais muito "pegajosas". Eu mesmo virei fã da banda desde a primeira audição que fiz neste álbum.
Muitas pessoas como eu imaginaram que o Killswitch Engage seria o Metallica do novo milênio, já que o som deles era inovador, pesado, melódico, agressivo, ou seja, diferente. E todos sabemos que o que é diferente cria tendência e automaticamente gera "cópias"; e no caso do Killswitch o que não faltou foi banda surgindo ao redor do mundo citando esta banda de Massachussets como influência. O Killswitch Engage inaugurou uma nova cena no Metal e seus mebros se tornaram os gurus do movimento - merecidamente. Depois deles vieram outras, mas nenhuma se tornou tão grande quanto eles.
A euforia com o novo estilo, no entanto, durou pouco pelo que percebo atualmente. O próprio Killswitch Engage lançou um ótimo disco em 2004, o The End Of Heartache (que detonou a cena na época com seu hit "Rose Of Sharin") mas não conseguiu manter a boa fase, lançando o mediano As Daylight Dies em 2006 e o não muito inspirado Killswitch Engage no início de 2009, derrubando assim as expectativas de seus fãs e, aparentemente, a cena de Metalcore como um todo, posto que ao final desta primeira década do novo século XXI pouco se ouve falar deles ou de qualquer outra banda de Metalcore. A pergunta é: o que aconteceu com o Metalcore e suas bandas? Por que um movimento tão jovem e promissor está entrando em decadência?
Talvez seja porque o prazo de validade de um novo estilo no mercado seja curto (cerca de dez anos). Bandas e estilos novos surgem, estouram no mercado e somem dele no intervalo de uma década. Basta reparar na data de lançamento dos melhores e piores álbuns de suas bandas favoritas; geralmente os melhores são lançados no início da carreira (nos três primeiros anos), os mais marcantes no meio (depois de cinco anos) e os piores ou mais comerciais depois de dez anos. Depois disso a banda tenta uma reviravolta, almejando atingir o inatingível: a originalidade do início da carreira - em vão; ou criam um som datado (vencido) ou nem mesmo conseguem-no porque perderam suas referências.
Talvez seja porque a fonte da qual as bandas bebiam já secou; ou seja, porque não possuem mais a criatividade dos primeiros anos. Existe uma cobrança muito grande por parte do mercado com as bandas que as faz perseguirem a originalidade a cada disco constantemente. O artista tem que se reinventar em cada lançamento e isso faz com que, muitas vezes, o tiro saia pela culatra pois o efeito, de forma geral, é o inverso. Boa parte dos fãs querem que suas bandas favoritas criem coisas diferentes, mas não que isso as leve a abandonar seu próprio estilo - que é o que acontece com boa parte delas. Provavelmente a busca pela originalidade eterna seja uma armadilha que leva a banda ao fracasso por criar álbuns ruins para seu estilo.
Sinto que, no caso do Metalcore, houve um certo exagero com o lado melódico do estilo, que recebeu mais atenção que outros elementos, como a parte rítmica (com suas pausas marcantes e matadoras), que foi relevada a segundo plano, em detrimento do fator melódico. Acho também que faltou mais consistência na cena; faltou existirem mais bandas de referência para o estilo, que ficou praticamente nas mãos de uma banda só - no caso o Killswitch Engage. Basta lembrar que o Nirvana era a maior banda grunge do planeta na sua época e quando acabou devido a morte do seu líder Kurt Cobain, levou pro cemitério consigo o estilo com a qual se consagrou.
Enfim, o que aconteceu com o Metalcore? Será que o Metalcore morreu? Quem souber me diga, por favor.
Enquanto escrevo este texto, estou ouvindo o novo álbum de uma das bandas de Metalcore mais antigas desse estilo, a alemã Caliban. Eles surgiram em torno de 1998 num lugar sem nenhuma tradição e nem outra banda de expressão nesse estilo já que naquela época a Alemanha - e o resto do mundo - se rendia ao Metal Melódico e ao Power Metal, com bandas como Helloween, Gamarray, Blind Guardian, Edguy, etc... talvez por isso o Caliban passou despercebido pela cena metálica da época, permanecendo como banda underground (status que, de certa forma, carrega até hoje).
Em 2001 surgiu nos EUA o Killswitch Engage, fazendo o mesmo tipo de som que o Caliban. Porém, com eles o resultado da empreitada sonora foi outro. Eles lançaram seu primeiro álbum (na verdade uma préprodução mal feita) de forma independente e chamaram tanta atenção na cena underground da época que rapidamente assinaram um contrato com uma grande gravadora e lançaram seu segundo álbum - o marcante Alive Or Just Breathing - em 2002, causando um tremor na cena metálica mundial e virando referência para centenas de jovens e aspirantes a rockstars. O som era inovador e acabou sendo batizado de Metalcore - uma mistura de Hardcore e Heavy Metal, porém, com refrões baseados em melodias vocais muito "pegajosas". Eu mesmo virei fã da banda desde a primeira audição que fiz neste álbum.
Muitas pessoas como eu imaginaram que o Killswitch Engage seria o Metallica do novo milênio, já que o som deles era inovador, pesado, melódico, agressivo, ou seja, diferente. E todos sabemos que o que é diferente cria tendência e automaticamente gera "cópias"; e no caso do Killswitch o que não faltou foi banda surgindo ao redor do mundo citando esta banda de Massachussets como influência. O Killswitch Engage inaugurou uma nova cena no Metal e seus mebros se tornaram os gurus do movimento - merecidamente. Depois deles vieram outras, mas nenhuma se tornou tão grande quanto eles.
A euforia com o novo estilo, no entanto, durou pouco pelo que percebo atualmente. O próprio Killswitch Engage lançou um ótimo disco em 2004, o The End Of Heartache (que detonou a cena na época com seu hit "Rose Of Sharin") mas não conseguiu manter a boa fase, lançando o mediano As Daylight Dies em 2006 e o não muito inspirado Killswitch Engage no início de 2009, derrubando assim as expectativas de seus fãs e, aparentemente, a cena de Metalcore como um todo, posto que ao final desta primeira década do novo século XXI pouco se ouve falar deles ou de qualquer outra banda de Metalcore. A pergunta é: o que aconteceu com o Metalcore e suas bandas? Por que um movimento tão jovem e promissor está entrando em decadência?
Talvez seja porque o prazo de validade de um novo estilo no mercado seja curto (cerca de dez anos). Bandas e estilos novos surgem, estouram no mercado e somem dele no intervalo de uma década. Basta reparar na data de lançamento dos melhores e piores álbuns de suas bandas favoritas; geralmente os melhores são lançados no início da carreira (nos três primeiros anos), os mais marcantes no meio (depois de cinco anos) e os piores ou mais comerciais depois de dez anos. Depois disso a banda tenta uma reviravolta, almejando atingir o inatingível: a originalidade do início da carreira - em vão; ou criam um som datado (vencido) ou nem mesmo conseguem-no porque perderam suas referências.
Talvez seja porque a fonte da qual as bandas bebiam já secou; ou seja, porque não possuem mais a criatividade dos primeiros anos. Existe uma cobrança muito grande por parte do mercado com as bandas que as faz perseguirem a originalidade a cada disco constantemente. O artista tem que se reinventar em cada lançamento e isso faz com que, muitas vezes, o tiro saia pela culatra pois o efeito, de forma geral, é o inverso. Boa parte dos fãs querem que suas bandas favoritas criem coisas diferentes, mas não que isso as leve a abandonar seu próprio estilo - que é o que acontece com boa parte delas. Provavelmente a busca pela originalidade eterna seja uma armadilha que leva a banda ao fracasso por criar álbuns ruins para seu estilo.
Sinto que, no caso do Metalcore, houve um certo exagero com o lado melódico do estilo, que recebeu mais atenção que outros elementos, como a parte rítmica (com suas pausas marcantes e matadoras), que foi relevada a segundo plano, em detrimento do fator melódico. Acho também que faltou mais consistência na cena; faltou existirem mais bandas de referência para o estilo, que ficou praticamente nas mãos de uma banda só - no caso o Killswitch Engage. Basta lembrar que o Nirvana era a maior banda grunge do planeta na sua época e quando acabou devido a morte do seu líder Kurt Cobain, levou pro cemitério consigo o estilo com a qual se consagrou.
Enfim, o que aconteceu com o Metalcore? Será que o Metalcore morreu? Quem souber me diga, por favor.
5 comentários :
concordo com você, em partes!
o metalcore é um movimento estranho,
não é tão aclamado pelos fãs, como eram o Iron Maiden, AC/DC, Metallica, dentre outras...que até hoje fãs por todo o mundo fazem o que
estiver ao alcance para ir aos shows deles.
Isso parece não existir no metalcore.
As bandas duram menos como você disse, exatamente por decairem em seus trabalhos (cds), pelos motivos que vc citou: pressão dos produtores e contratos com gravadoras, temer não saciar a expectativa do público..etc
E também, acho que boa parte seja, ou não, pela expansão das bandas em extensões de audio mp3, que de certo prejudicam a vendagem que é importante para os selos, mas se for analisar, como o Sepultura disse a um tempo, que não estão nem ai pra pirataria, pois não estavam nem ai pras gravadoras, e sim para os shows, que os mp3 fora a melhor forma de propagar para mais ouvidores!
Voltando, o caso do Kill Switch Engage,
acredito que existam milhares de bandas surgindo no mundo, e não existe somente o KSE como referência, há muito mais bandas no cenário do que eu possa imaginar!
At the Gates, August Burns Red, Norma Jean, Parkway Drive, It Prevails, For the Fallen Dreams, Divine Heresy, Every Time I Die, A Day to Remember, If Hope Dies, Kashee Opeiah, Oceano, Here Come the Kraken, Lamb of God, Meshuggah, Born Of Osiris, Circle of Contempt, Emmure, Protest the Hero, Bury Your Dead, As I Lay Dying.
esta última sim, considero uma das precursoras do estilo no mundo. pesquise sobre essas bandas, a maioria é relativamente nova...creio que entenderá mais sobre o movimento!
Que pelo que vejo, está VIVO, mais do que nunca!
Abraço!
Paulinho, um conhecido meu q mora em Los angeles disse q a galera headbanger americana já está ficando saturada das bandas de Metalcore, sabe... Segundo eles, bandas q fazem um som gritado nas estrofes e melódico nos refrões já estão ficando insuportáveis, enjoativas. Infelizmente não é toda banda q tem um cara do porte do Howard Jones no vocal, logo, é compreensível porq esse tipo de som esteja ficando saturado por lá. A maior parte das bandas parece contar com vocalistas de bandas emo no vocal! Aí ninguém aguenta msm... além disso, as melodias estão muito pegajosas, muito emo... fora q as letras tb não colaboram. Ou seja, essas bandas estão fazendo um tipo de som muito particular, q está cada vez mais longe do Metal. Talvez este seja um dos maiores problemas.
Pra mim, bandas como All That Remains e Bullet For My Valentine estão bem vivas...
como que um estilo de grande massa morreu, foi mal ai eu sei que esse post é meio antigo mas, é muita ignorância dizer que o metalcore morreu, era bom acompanhar as vendas das bandas de metalcore, que já estão superior as bandas emos
http://rocknrollpost.blogspot.com/
curioso como a cena metalcore possui bandas tao boas e msm assim ta perdendo espaco em nivel mundial... todas essas bandas tinham muito potencial para se manterem no topo dos eventos grandiosos, no entanto, isso nao acontece - fora raras excessoes, como o KSE. Talvez eu tenha sido um pouco utopico ao imaginar q uma banda de metalcore seria headliner do Wacken Open Air um dia, por exemplo... sera q rola boicote?
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