A questão da monitoração do áudio em um estúdio é algo bastante complicado, tanto pelas dificuldades de se obter um ambiente de monitaração acusticamente perfeito quanto pelas inúmeras opções de caixas que encontramos no mercado atualmente. O fato é que não adianta termos excelentes músicos, excelentes instrumentos e excelentes kits de microfones se não tivermos um bom par de monitores para ouvir o material gravado. Por isso, estou postando aqui mais uma vez um artigo do mestre do home studio, Sergio Izeckson, no qual ele explica melhor as características de um bom par de monitor e seu correto posicionamento dentro da control room.
Monitores
por Sérgio Izeckson*
O som do estúdio é monitorado através de amplificadores e caixas de som, mas também por fones de ouvido. Os sons vêm sempre da mesa. Conseguir manter em outros equipamentos a mesma sonoridade obtida no estúdio, ou, pelo menos, não perder o equilíbrio entre os timbres mixados, é tarefa dura para quem se inicia na arte da gravação. No estúdio, bons monitores são aqueles de som mais puro, flat mesmo, que não inventem sonoridades nem sobrecarreguem certas freqüências. Se você usar, por exemplo, monitores com um grave extra, a tendência é você moderar nos graves durante a mixagem. Depois, em outros aparelhos, ficará a sensação de estarem faltando graves. Ou seja, as mesmas freqüências exageradas por esses alto-falantes são as que vão fazer falta em outros monitores.
No estúdio, os fones de ouvido são obrigatórios sempre que usamos microfones. Quanto mais isolantes acústicos e confortáveis forem os fones, melhor. Se há duas salas, o cantor ou instrumentista usa o fone, na sala de gravação, enquanto o produtor ou operador ouve pelos monitores (caixas de som) da sala de controle (técnica). Quando só há uma sala no estúdio, a solução é todos usarem fones durante o uso de microfones nas gravações.
Nunca faça uma mixagem usando somente fones. Depois, ouvida nas caixas, a música ficará irreconhecível, devido à grande proximidade dos fones. O fone é útil ao produtor como referência alternativa aos monitores. Um modelo útil, porque tem uma resposta de freqüências plana, é o AKG K-141.
Usamos dois tipos de monitores, para gravação e para mixagem. Um único sistema pode desempenhar os dois papéis, mesmo que com menos versatilidade. A gravação demanda um amplificador e um par de caixas possantes e robustos, capazes de suportar fortes picos de sinal. A mixagem pede um sistema mais delicado, com una resposta bem plana.
Os estúdios de menor porte, geralmente, lançam mão do amplificador e caixas disponíveis, em geral algum sistema para uso doméstico. Neste caso, na impossibilidade de se buscar soluções mais técnicas, procura-se equalizar graves e agudos do amplificador usando um CD bem mixado, e usar esse mesmo CD como referência nas mixagens.
Monitores para gravação - Para suportar súbitos picos de volume, ao gravar vozes e instrumentos isolados, essas caixas devem ser mais potentes que as especificações do espaço normalmente exigiriam. Essa “folga” evita o desgaste excessivo dos monitores nos momentos em que são mais exigidos (passagens de som, gravação de contrabaixo etc.). Menos precisos que os monitores de mixagem quanto aos timbres, mas muito mais possantes, são também conhecidos como “caixas de cliente”, devido à melhor impressão que seu “som de P.A.” causa, em relação às pequenas e impessoais caixas de mixagem.
Essas caixas para gravar os instrumentos devem ter um woofer, falante de graves, de preferência de 15 polegadas, uma corneta para as freqüências médias e um tweeter para os agudos. Um divisor de freqüências apropriado protege cada um dos falantes. O amplificador deve ter a mesma impedância, de 4 ou 8 ohm, e a potência próxima à das caixas. Existem muitas boas marcas de caixas, sendo as mais usadas as da Genelec, da JBL, da Tannoy e da Yamaha. Os falantes mais usados são os da JBL.
Os estúdios que usam instrumentos MIDI podem monitorar a gravação através dos monitores para mixagem, desde que não exagerando nos volumes.
Monitores para mixagem - Muito mais críticos, por serem os responsáveis pelo som final, os monitores de referência têm que ter uma resposta de freqüências bem plana, para não mascarar o som. É até muito interessante se monitorar a mixagem em diferentes pares de caixas, profissionais e outras, para se “tirar uma média” das sonoridades. Soando bem num maior número de caixas, a probabilidade da mixagem soar bem em todo lugar é maior.
Assim, os monitores preferidos pelos estúdios são os modelos “near field” (campo próximo), que ficam a pouca distância do operador, formando com ele um triângulo equilátero. Esses monitores dão muita transparência ao som, sendo ideais para mixagem. Os modelos mais usados são Yamaha NS-10 e Alesis Monitor One, ambas caixas passivas. Os amplificadores, novamente, têm que ter potência e impedância adequada às caixas. Nunca utilize, por exemplo, caixas de 4 ohm num amplificador de 8 ohm, para não danificar o amplificador. Nessas horas, vale consultar um técnico de som de confiança antes de escolher os modelos. Uma nova tendência são os monitores amplificados e bi-amplificados, como os Event 20/20BAS e Mackie HR824. Os monitores digitais têm os conversores DA na própria caixa, enviando o som para o amplificador interno. Recebem o som da mesa por cabos digitais.
Na mixagem, os fones servem como uma referência a mais, nunca a principal. Os fones são muito úteis para se conferir o posicionamento estereofônico (pan) das fontes sonoras.
Posicionamento dos monitores - As caixas near field, para mixagem, ficam na altura do ouvido do operador, a cerca de 1,5 m, formando com ele um triângulo com 3 lados iguais. Os tweeters ficam mais para fora que os falantes de graves, com as caixas na posição horizontal, ou mais para cima que os woofers, com os monitores na vertical.
As caixas de gravação ficam num plano mais alto e mais largo, voltadas para o centro da sala de controle.
Todos os monitores devem ser posicionados simetricamente às paredes laterais da sala para equilibrar a audição da mixagem estéreo.
*Professor-coordenador do Home Studio desde 1994; compositor, arranjador, produtor musical nas áreas fonográfica, publicitária, de multimídia, teatro, rádio, TV e vídeo; consultor de áudio, MIDI e home studio; baixista, violonista e tecladista.
Licenciado em música pela UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) em 1993, onde lecionou, nos dois anos seguintes, no pioneiro curso de extensão universitária em Home Studio. Cursou também pedagogia na UFRJ e composição na UNIRIO. Estudou improvisação com Hélio Sena, harmonia e piano com Antonio Guerreiro, violão com Ricardo Ventura, percepção musical com Helder Parente, arranjo com Roberto Gnattali, sintetizadores com Alexandre Frias. Ensina música desde 1975.
Licenciado em música pela UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) em 1993, onde lecionou, nos dois anos seguintes, no pioneiro curso de extensão universitária em Home Studio. Cursou também pedagogia na UFRJ e composição na UNIRIO. Estudou improvisação com Hélio Sena, harmonia e piano com Antonio Guerreiro, violão com Ricardo Ventura, percepção musical com Helder Parente, arranjo com Roberto Gnattali, sintetizadores com Alexandre Frias. Ensina música desde 1975.
Fonte: homestudio.com.br
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