Pular para o conteúdo principal

Quadra, o novo álbum do Sepultura

2020 começou bem! O Sepultura lançou o CD Quadra, sucessor de Machine Messiah, e atualizou com sucesso a expressão "metal moderno".


por Mario Megatallica

Para os fãs e seguidores do Sepultura, 2020 chegou com grande expectativa a respeito do que a banda faria com o som dela no álbum que sucederia Machine Messiah (2017), o super álbum que mostrou ao mundo que o Sepultura ainda era capaz de se reinventar e de surpreender os fãs da banda. O trabalho feito em Machine Messiah foi tão surpreendente que ficou uma pergunta no ar: será que seria possível rmanter o mesmo nível de composições e produção no próximo álbum? 




O Sepultura deu a resposta que os fãs esperavam no início de Fevereiro, quando lançou o álbum Quadra, um CD com doze faixas, gravado no mesmo estúdio e com o mesmo produtor de Machine Messiah. Fiz questão de reservar um tempo para ouvir o Quadra com atenção, nas minhas caixas de som e depois com meu fone de ouvido. Foram exatamente duas audições para chegar a uma conclusão: o Sepultura atualizou com sucesso a expressão "metal moderno" com o Quadra. Sabe esse rótulo "metal moderno" que às vezes nós usamos para apresentar uma banda para um amigo? Pois é, ele foi reinventado pelo Sepultura no início de 2020.

O motivo de o álbum Quadra representar uma mudança de significado no termo "moderno" aplicado no mundo do Metal é simples: as composições apresentam os mesmos elementos de praxe usados pelo Sepultura oa longo da carreira e por centenas de bandas a partir dos anos 2000, porém de forma diferente do habitual. Como assim? Bem, se for preciso definir o álbum Quadra com poucas palavras, eu diria sem dúvida que as palavras experimental, progressivo e percussivo o definem muito bem - com ênfase nos dois primeiros adjetivos. O material apresentado pelo Sepultura no Quadra está longe do que consideramos "padrão" ou "comercial" dentro do Metal e isso fica evidente quando analisamos  certos aspectos: a estrutura das músicas, as mudanças de andamentos, a harmonia utilizada pelo guitarrista Andreas Kisser, as linhas percussivas do baterista Eloy Casagrande (que por sinal está se firmando como um dos melhores bateristas e compositores do Metal mundial), as linhas melódicas do vocalista Derrick Green, os coros e arranjos de teclado do produtor Jens Peter Bogren. Como eu disse, são elementos que várias bandas utilizam, porém não da forma como o Sepultura conseguiu fazer no álbum Quadra.

O Quadra tem um pouco de tudo que o Sepultura tem apresentado ao longo da carreira: tem riffs de Thrash Metal, tem groove, tem violões limpos, tem bastante percussão, tem vocais gritados e melódicos; mas desta vez os fãs foram surpreendidos por uma sonoridade única, diferenciada, pouco (ou talvez nunca) feita por outra banda, resultado da mistura de elementos como harmonia dissonante, escalas exóticas, mudanças constantes de andamento, mudanças pontuais de tonalidade, exploração da dinâmica musical e até mesmo de voz feminina (Emmily Barreto, da banda brasileira Far From Alaska) - algo inédito na história da banda! Vale lembrar que o Quadra foi construído a partir do conceito da palavra "quadra", que direcionou a forma e o conteúdo de boa parte das composições deste álbum e levaram o Sepultura a inaugurar a década de 2020 com um material altamente surpreendente e inovador. Aliás, esse resultado certamente se deve à parceria entre Andreas Kisser e Eloy Casagrande; é perceptível o quanto as composições da banda mudaram a partir do momento em que o baterista se envolveu com a composição das músicas e a contribuição dele é inegável! Basta conferir os créditos das músicas (ele é coautor de onze das doze faixas do álbum).

Após ouvir o Quadra e pensar sobre tudo que há neste álbum - e sobre tudo que já ouvi do Sepultura - a sensação que tive foi de ter entrado numa galeria de arte, parado diante de uma grande obra, admirá-la por um tempo e, mesmo sem a compreender, sair dali satisfeito com o resultado. E é isso que penso sobre o Quadra: é uma obra de arte difícil de compreender, porém, fácil de admirar. Que tipo de Metal é esse? Bem, vamos deixar o tempo responder isso... o fato é que o Quadra é surpreendente, autêntico e inovador, provando que o Sepultura está aí para mostrar a todos como será o futuro do Metal, mesmo sendo uma banda veterana e sem a presença dos prezados irmãos Cavalera.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os 10 programas de gravação de áudio mais populares em estúdio

por Mário Megatallica Programas de gravação de áudio existem vários. No entanto, somente os mais profissionais sobressaem no mercado de produtos para estúdio. E quando se diz "profissional", entenda: software com layout e aparência leves e bem organizados, com barra de ferramenta bem visível e que garanta um atalho às principais funções do programa, com linha de tempo dividida em compassos e segundos, várias ferramentas de edição (sendo as mais utilizadas acessíveis com apenas um clique), instrumentos virtuais diversos, ótimos plugins de efeitos nativos, suporte para plugins VSTs externos (não-nativos), mixer virtual bem visível e de preferência com as mesmas funções de uma mesa de som convencional com opções de saídas e entradas auxiliares, que possua um número ilimitado de canais de áudio e midi, que trabalhe com função "rewire",etc... Ableton Live. Um software de produção de áudio (também conhecido como DAW, do inglês "digital audio workstatio...

Line 6 lança linha POD HD de pedaleiras

A Line 6, famosa fabricante americana de pedaleiras e pedais para guitarra e baixo, lançou sua nova linha de pedaleiras POD. Após o sucesso da POD XT Live, a empresa lança as POD HD300, HD400 e HD500 . A POD HD 500 Line 6, simulador de amplificadores e efeitos de alta definição, possui 16 modelos de amplificadores, mais de 100 efeitos, 128 presets de usuário e 512 presets de fábrica. E mais: • 16 modelos de amplificadores HD  • 100 modelos de efeitos  • 8 efeitos simultâneos  • 128 presets de usuário  • 512 presets de fábrica  • Looper de 48 segundos com controles dedicados  • 12 footswitches de metal  • Entrada auxiliar 1/4"  • Entrada de microfone (com trim)  • Variax Digital Input (VDI)  • Saídas Main 1/4" desbalanceadas (L+R)  • Saída 1/4" estéreo para fones  • Saídas XLR (L+R)  • Saída S/PDIF  • L6 LINK™ Jack  • Stereo FX return  • MIDI I/O (In/Out/Thru)  • Entrada MP3/CD  • Afinador integr...

James Hetfield fala sobre Dave Mustaine, Load e homossexualismo

O vocalista do Metallica, James Hetfield , concedeu uma entrevista para a edição de Julho de 2009 da revista britânica Classic Rock . Nela, explicou o provável motivo da saída do antigo guitarrista Dave Mustaine (líder do Megadeth) da banda e falou sobre o conturbado período que o Metallica viveu na fase Load. Confira alguns trechos abaixo: Classic Rock: Você estava feliz de ver as costas do [ex-guitarrista do Metallica e atual líder do Megadeth] Dave Mustaine? Hetfield: Eu não sei se "feliz" é a palavra certa, mas era necessário. Teria eu, Lars [Ulrich, bateria] e ele todos tentando liderar e isto seria uma confusão triangulada. É óbvio que ele queria o mesmo caminho que nós - ele continuou a fazer ótimas coisas no Megadeth. Do jeito que as coisas estão hoje, as dinâmicas de caráter, Lars e eu estamos somos metade da escala com Rob [Trujillo, baixo] e Kirk [Hammett, guitarra] sendo a outra. Eles são pessoas de ótimas idéias, mas muito boas em estar ok em deixar alguém ...