Saiba Mais Sobre: técnicas de microfonação de bateria
Bateria. Este instrumento tão rico em frequências, em peças de diversos tamanhos e timbres, representa um grande desafio para qualquer produtor quando se trata da captação de seu som. Por isso é bastante comum vermos diversos artigos abordando as técnicas mais utilizadas para microfonação de bateria.
Confira abaixo um artigo sobre este tema, originalmente escrito por Fábio Henriques para a revista Música e Tecnologia.
Microfonando a bateria
Seguindo nossa abordagem prática, chegamos hoje ao "paraíso" da microfonação - a bateria. Como sempre, primeiro analisaremos as características deste instrumento. Na verdade, a bateria não é um instrumento único, mas um conjunto deles, e com uma peculiaridade. Ao mesmo tempo em que possui uma ampla resposta em frequência, indo dos graves profundos do bumbo aos extremos agudos dos pratos, é também o instrumento com maior faixa dinâmica de todos. Podemos gerar sons extremamente suaves, como nas ghost notes da caixa, até sons que superam os 110 dB SPL.
Então, estamos entregando aos microfones uma tarefa bastante ingrata, pois precisamos de um misto de sensibilidade, capacidade de suportar altos níveis de pressão sonora e também a habilidade de representar todo o espectro de frequências.
Ora, a princípio, gravar a bateria do jeito mais natural possível pode parecer muito razoável. E essa naturalidade remete a uma situação interessante que vivi. Estava eu trabalhando em um CD com um produtor muito na moda, mas com pouca experiência, destes que procuram um som diferente até para gravar um shakerzinho. Ele gravou uma bateria com um microfone só, na porta do quarto. O som que ele obteve foi realmente ultra-mega-super-natural. Um sonzaço. E eu tive que ficar aguentando ele elogiar sua façanha durante todo o processo de gravação, só esperando a hora de mixar. Depois dos primeiros quinze minutos de mixagem, eis que ele me pede para aumentar um pouco a caixa. Como assim? O som da bateria não estava perfeito? Com apenas um microfone, como vou aumentar o volume só da caixa?
Pois é, quanto mais natural o som, menor o nosso controle sobre ele. Foi por isso que ao longo dos anos acabou se desenvolvendo a técnica atual de microfonação de bateria. Convido o leitor para mais uma experiência. Ouça qualquer disco de música pop e me diga: numa situação real, física, a gente ouviria o prato de crash somente do lado esquerdo? Ou o tom 1 mais para o lado direito? Claro que não. Mas nas gravações que ouvimos as coisas estão apresentadas assim. Para que se pudesse ter controle pleno sobre o timbre, o volume e o pan de cada peça, decidiu-se, então, usar os microfones bem próximos a cada tambor (na verdade, extremamente próximos).
Na verdade, talvez a maior influência no som de uma bateria não venha do tipo de microfone empregado, mas de peles velhas e peças mal afinadas. Afinar uma bateria exige muita habilidade, e, por favor, pele não precisa rasgar para a gente trocá-las. Sempre que você for gravar em um estúdio que fornece a bateria, invista um pouco e leve peles novas. Vai fazer mais bem ao som do que muito microfone bacana. E olha que não sai tão caro assim.
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