por André Wilker*
Metal Progressivo – A evolução do Heavy Metal
Bem vindos amigos, o tema de hoje de nossa análise musical é um gênero que, particularmente, está entre os que eu mais admiro; o Progressive Metal, ou Metal Progressivo. Esta variação do metal está entre as menos agressivas em comparação às outras porém figura entre as mais técnicas.
Neste estilo, não basta o guitarrista subir e descer escalas de forma rápida, o baixista fazer alguns grooves e marcações e o baterista manter o ritmo; no Progressive Metal os músicos tem que saber tocar mesmo. São anos de estudo para se chegar ao nível necessário para à sua execução. Grande parte desses músicos tem passagens por renomadas escolas de música, demonstrando um profissionalismo que infelizmente não é encontrado em todas as bandas de rock.
O Progressive Metal é oriundo do Rock Progressivo setentista, imortalizado por bandas como Yes, Rush, King Crisson, Jethro Tool, Gentle Giants, Emerson, Lake & Palmer entre outros.Essa influência, agregada principalmente à elementos do Heavy Metal Tradicional e do Thrash Metal, deu origem à essa forma extremamente elaborada de Metal. Em geral, as músicas são de grande duração, havendo exemplos em que ultrapassam a 30, 40 minutos. O Jazz tem presença marcante nesse estilo e muitas vezes o Metal Progressivo se aproxima também do Fusion.
No que diz respeito à temática das músicas, não notei nenhum padrão que servisse de regra, sendo estão encontradas letras sobre os mais variados assuntos como ficção científica, fantasia, religião, guerra, amor, loucura e história. Como no Rock Progressivo, é comum encontrarmos albuns dedicados inteiramente ou em grande parte à um tema específico, uma história, por exemplo, similarmente encontrado em trabalhos de Ópera Rock.
Outro estilo que se equivale em tecnica do Progressive Metal é o Mathcore,ou Math Metal, gênero pouco conhecido ainda pela maioria dos fans de metal. Esse estilo mescla com mais evidencia o Jazz, Funk, e o Fusion e vocal tende a ser mais agressivo, com mais passagens pelo gutural do que se encontra normalmente no Progressive Metal.
Quanto à produção artística, os trabalhos são irretocáveis. O mesmo esmero empregado na execução das músicas é encontrado nas mixagens e demais trabalhos de backstage.
Considero um estilo mais sofisticado, talvez até elitizado, pelo fato de ser a vertente do Metal onde se necessite da maior estrutura instrumental (cozinha); geralmente são bandas que contam com um maior número de componentes e estes buscam utilizar instrumentos de última geração, de forma a conseguir mais recursos sonoros e, meus amigos, isso custa caro.
Resultado disso tudo são músicas que se assemelham a peças clássicas, extensas e com várias passagens diferentes, levando os ouvintes a terem sensações de euforia e introspecção, além de ser um barato ficar prestando atenção em cada instrumento, é sem dúvida uma viagem sonora.
As bandas de rock progressivo que possuíam um som mais pesado podem ser consideradas precursoras do metal progressivo. Algumas delas são: High Tide, Uriah Heep , Rush. Bandas como Dream Theater, Queensrÿche e Fates Warning, Watchtower, utilizaram mais claramente e de modo mais contundente elementos desses grupos de rock progressivo, principalmente a estrutura da composição das músicas, mesclando-as com características do heavy metal, atribuídas a bandas como Uriah Heep,Metallica, Megadeth, Deep Purple, Black Sabbath e Iron Maiden. Importante destacar que várias bandas brasileiras estão entre as mais bem conceituadas nesse estilo como o Almah, Angra, Ansata, Arghon, Hangar, Karma, , Lost Forever, Magician, Mindflow, Oficina G3 e outros.
Vejam, segundo o site Wiplash.net, a lista dos 10 melhores discos de Progressive Metal:
BETWEEN THE BURIED AND ME - 'Colors'
Uma obra-prima dos tempos modernos, “Colors” lançado em 2007 é uma faixa com um pouco mais que uma hora de duração dividida em oito partes. Enquanto o BETWEEN THE BURIED AND ME mostrava sinais de que poderia ser o futuro do metal progressivo com o álbum “Alaska”, lançado em 2005, “Colors” foi a afirmação. O fato de os membros da banda terem apenas um pouco mais que 20 anos quando o álbum foi gravado é espantoso. O “Colors” vai de uma vibração de fim de tarde estilo BEATLES para um metal de ataque devastador, lado a lado com um country e uma viagem para o espaço ao longo do caminho.
DREAM THEATER - 'Awake'
Muitos pensaram que o DREAM THEATER não poderia superar seu segundo álbum “Images & Words” lançado em 1992, porém a banda surpreendeu o mundo do metal progressivo com o álbum “Awake” lançado em 1994. Até o momento o álbum mais obscuro da banda, “Awake” é o som de um grupo de músicos paranóicos, depressivos e desiludidos. As tensões internas dentro da banda foram traduzidas em “Awake” com músicas oprimidas como “Space Dye Vest,” “The Mirror,” e “Innocence Faded” apresentando um lado diferente do DREAM THEATER.
EDGE OF SANITY - 'Crimson'
Dan Swanö é um músico genial, e o álbum “Crimson” lançado em 1996 é uma demonstração de seu brilho. Uma faixa épica de 40 minutos, “Crimson” não é para os fracos de coração. Falando sobre o futuro e infertilidade, “Crimson” é um álbum que foi feito para ser digerido de uma única vez, com a letra da música em mãos. Tentar dividir esta faixa única seria uma grande injustiça, uma vez que a música fala mais alto do que qualquer palavra jamais conseguiria.
FATES WARNING - 'No Exit'
Primeiro álbum da banda com o vocalista Ray Alder, o “No Exist” é conhecido por conter a épica “The Ivory Gate of Dreams” com um pouco mais que 20 minutos de duração. As outras faixas deste lançamento de 1988 também não são ruins, mas esta foi a mais próxima do majestoso, a qual fez os fãs de metal progressivo babarem. Os vocais de Alder eram melhores do que os de John Arch, e isso não é uma tarefa fácil. “No Exist” seria o álbum que abriria a banda para um público maior.
OCEAN MACHINE - 'Biomech'
Devin Townsend é um artista excêntrico que mantêm os ouvintes aos seus pés. O OCEAN MACHINE é um dos milhões de projetos paralelos com o qual Townsend está envolvido, lançando em 1998 o álbum “Biomech”, este que fez Townsend abraçar sua calma, seu lado melódico, que ficava escondido com o STRAPPING YOUNG LAD. Os fãs da sua banda principal ficaram surpresos em ouvir os maravilhosos vocais limpos de Townsend e sua habilidade para composições cativantes. Infelizmente o álbum nunca atingiu as principais comunidades do metal.
OPETH - 'Blackwater Park'
Escolher o melhor álbum do OPETH pode ser uma tarefa difícil, uma vez que a maior parte de sua discografia é constituída de materiais com qualidade ao extremo. Porém o “Blackwater Park’ lançado em 2001 é considerado sua maior grande obra. O vocalista Mikael Åkerfeldt finalmente aperfeiçoou sua voz limpa e a produção, feita pelo líder do PORCUPINE TREE, Steve Wilson, é tonificante e poderosa. As faixa “The Drapery Falls” e a acústica assombrosa “Harvest” são os destaques desta obra-prima.
O primeiro álbum lançado pelo quinteto sueco em 1997 é fenomenal. Após um pouco mais de uma década de trabalho desde que formaram a banda, o PAIN OF SALVATION juntou uma incrível história envolvendo uma família em conflitos em uma sociedade fictícia. Os vocais elevados de Daniel Gildenlöw fizeram muitas pessoas prestarem atenção e assim a banda ganhou muitas oportunidades com o “Entropia”, mantendo o ouvinte comprometido com uma combinação de tranqüilizante, melodias acústicas, escalas e riffs funkeados.
QUEENSRYCHE - 'Operation Mindcrime'
Indiscutivelmente o melhor álbum do QUEENSRYCHE, um álbum conceitual lançado em 1988 que detalha a história de um viciado em drogas e como ele se tornou um assassino. Enquanto os primeiros álbuns da banda eram camadas sólidas de metal progressivo, o “Operation: Mindcrime” foi o primeiro álbum onde tudo funcionou como um estalo. A voz de Geoff Tate nunca soou tão bem, e o trabalho com a guitarra de Chris DeGarmo é subestimado.
SYMPHONY X - 'The Divine Wings Of Tragedy'
O SYMPHONY X sempre foi uma banda que se manteve no underground, constantemente lançando álbum após álbum, enquanto mantinha uma base de fãs leais. Lançado em 1997, o álbum “Divine Wings Of Tragedy” foi o primeiro sinal de que o SYMPHONY X podia competir com os grandalhões do metal progressivo, com a faixa título atingindo por volta de 20 minutos de duração. Sempre considerei o Russell Allen um dos vocalistas mais subestimados de todos os tempos, e o Michael Romeo é um deus da guitarra no círculo progressivo.
TIAMAT - 'Wildhoney'
Antes do OPETH sucessivamente misturar death metal com vocais acústicos e limpos, já existia o TIAMAT e seu álbum “Wildhoney” lançado em 1994. Enquanto a banda viria a evoluir para um som gothic metal, em certo ponto, o TIAMAT foi colocado para surpreender o mundo do metal progressivo. Um álbum que entrou em uma atmosfera com um foco principal, “Wildhoney” pode ser melhor descrito como uma jornada através do desespero e melancolia, com letras brilhantes como guias desta jornada.
Steven Wilson contribui em livro sobre metal progressivo
Steven Wilson em mais uma contribuição à música progressiva escreveu o prefácio do livro "Mean Deviation: Four Decades Of Progressive Heavy Metal". Escrito por Jeff Wagner, ex-editor da revista Metal Maniacs e defensor veterano das novas bandas de metal. Wagner analisa o lado inebriante do metal nesta história exaustiva de uma subcultura musical implacavelmente ambiciosa. Ao longo do livro são apresentadas ilustrações originais do baterista da banda Voivod, Michel "Away" Langevin, incluindo a capa.
Steven Wilson escreve: "Em 'Mean Deviation de Jeff Wagner', temos um livro definitivo sobre a relação entre o metal e o rock progressivo, e a inumerável variação de estilos que deu origem... Entretanto, o metal continua se transformando e evoluindo, por vezes, nas formas mais inesperadas, demonstrando que está longe de ser ultrapassado e é, de fato, a mais flexível das formas musicais ".
Começando nos anos 70 com o rock progressivo do Rush e King Crimson, "Mean Deviation" desenvolve uma tapeçaria colorida de sons e estilos, desde o prog metal do "Big Three" nos anos 80 - Queensrÿche, Fates Warning e Dream Theater - aos pioneiros do Voivod, Watchtower e Arcturus. Com faíscas de inspiração espalhadas para obscurecer postos na Escandinávia, na Flórida, e no Japão, o metal progressivo estourou em uma chama criativa completa com os sucessos dos mestres do prog metal Opeth, Meshuggah, Tool, Between the Buried and me, e muitos outros.
"Uma coisa o prog metal certamente é", afirma Wagner. "Pesado e arrojado e ousado, mas refinado, adulto e mutado. Metal Progressivo é metal pesado levado a iluminação e as vezes bizarro."
Pesando 400 páginas, o livro muito ilustrado inclui um encarte de 16 páginas com fotos coloridas, apêndices e um índice completo.
Para mais informações, imagens do livro e encomenda, visite www.mean-deviation.com.
É isso aí amigos do Blog Audio&Rock’Roll, obrigado pela atenção e até a próxima matéria!!
Fontes: Wikipedia
Wiplash.net
porcupinetree.com.br
*André Wilker é músico, guitarrista.
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