Menos de um ano após seu último show em São Paulo - o guitarrista tocou em agosto de 2009 na Via Funchal - Chuck Berry retornou para nova apresentação nessa quinta-feira (13), desta vez no HSBC Brasil.
Mais alegre do que em 2009, o guitarrista americano fez um show um pouco mais longo do que no ano passado e tocou durante 1h10. Chuck Berry também aproveitou para falar mais entre as canções, mas acabou caindo em uma enrascada. Ao perguntar para a plateia qual música deveria tocar, ouviu uma fã que correu até a beirada do palco e gritouRoute 66 após alguns berros dos já tradicionais "toca Raul".
Depois de pensar por alguns segundos, o guitarrista ensaiou alguns acordes, olhou em vão para os outros músicos - incluindo o seu filho, o também guitarrista Chuck Berry Jr. - e decidiu iniciar a canção mesmo assim. "Você veio de tão longe e vai ouvir Route 66", justificou. Sem se preocupar com o acompanhamento do grupo, o lendário músico seguiu em frente cantando e arranhando alguns riffs na guitarra.
O momento constrangedor seguiu em frente enquanto tecladista, baterista e baixista tentavam seguir na música. Ao encerrar a desajeitada canção, Chuck Berry pediu desculpas pela saia justa: "Isso é o melhor que posso fazer, querida. Faz 45 anos", afirmou.
Fora o episódio, o show de Chuck Berry seguiu sem surpresas até seu encerramento. Relembrando seus clássicos - estes sim bem ensaiados - o americano arrancou boas palmas do público com Roll Over Beethoven,Sweet Little Sixteen, Maybellene, Let It Rock e School Days.
Com bastante carisma - exceto com os fotógrafos, que pediu para fossem retirados ainda no meio da primeira música -, o guitarrista falou bastante com o público. "Como vocês estão? Tudo bem? Feliz Ano Novo e todas essas coisas. Viemos aqui para entreter vocês", disse.
No encerramento, assim como já era esperado, Chuck Berry mandou sua canção mais famosa: Johnny B. Goode. Para a vazia plateia que já começava a esfriar, a música foi um alívio, ainda mais com a cartada final do guitarrista, que pediu para alguns fãs subirem ao palco.
Depois de convidar algumas garotas para interagir com a banda, Chuck seguiu tocando com o espaço entre os músicos já tomado. Entre sorrisos e algumas reverências quase religiosas de seus seguidores, o guitarrista deu seu último gás da noite. Tocou tudo que pode, apoiou seu pé nos retornos e fez seu lendário passe enquanto tocava para o delírio dos espectadores, que nessa altura do campeonato já haviam abandonado seus lugares.
Aos 83 anos, Chuck Berry ainda empolga sua legião de fãs, que acompanha sua apresentação boquiaberta ao ver uma lenda viva do rock. Por outro lado, sua baixa produção musical - seu último álbum de estúdio, Rock It, foi lançado em 1979 - faz com que seu show seja um previsível passeio pelos mesmos sucessos ano após ano com sua voz longe do que já foi e com alguns riffs engasgados na guitarra. Mas, como o próprio disse, "isso é o melhor que pode fazer".
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