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Bastidores da gravação do álbum Metallica

por Nacho Belgrande (Lokaos Rock Show)

Em 1989, o Metallica chamou o produtor Bob Rock, com quem não tinham trabalhado antes, para ajudar a esculpir sua próxima obra-prima. Rock tinha acabado de produzir ‘Dr. Feelgood’, do Mötley Crüe, e os membros do Metallica queriam reproduzir os mesmos timbres de freqüências graves obtidas naquele disco. Rock trouxe o engenheiro Randy Staub pro estúdio One on One em North Hollywood para começar o longo e árduo processo de gravação do que se convencionou a chamar de ‘The Black Album’ e seu primeiro single, ‘Enter Sandman’.

Metallica  foi um marco da produção em estúdio para bandas de Metal.

Não só a banda estava trabalhando com novos tipos criativos, mas Rock e Staub trouxeram consigo uma nova maneira de gravar um disco. “O processo foi muito diferente de qualquer outro disco no qual eu trabalhei – ou desde então – no que diz respeito a eles terem gravado seus discos anteriores é que eles construíam uma trilha click porque havia muitas diferenças de tempo na estrutura das músicas deles na época”, diz Staub. “James ia e tocava uma parte de guitarra, e daí Lars ia tocava bateria em cima daquilo, mas ele não tocava do começo ao fim. Ele tocava a primeira estrofe até acertar e daí parava e fazia o refrão e parava e começava de novo até que eles tivessem uma trilha de bateria. E daí eles faziam o que se chama de ‘air cuts’: você removia fisicamente um pedaço da fita à frente de uma batida, um bumbo, e isso coloca o bumbo no tempo certo. Então depois que Lars terminava as trilhas de bateria, James ia lá e tocava todas suas partes de guitarra, e daí ele gravava a voz, e daí colocavam o baixo por último. Todo mundo tocando separado, ninguém tocava junto.”

“Era raro pra eles estar numa mesma sala e tocar todo mundo junto,” emenda Staub. “Mas do jeito que eles gravam as músicas, é uma forma de construção. Eles nunca tocam uma música do começo ao fim. Os caras tocam as partes deles e Lars tocava e sentia a melodia. Fazíamos isso em dois, três rolos de fita [em um gravador Studer de 2 polegadas] e daí gravávamos o refrão e depois as viradas de bateria. Eventualmente, tínhamos todas as partes gravadas e daí Bob e Lars as escutavam e faziam uma tabela das partes que eles queriam. Eu ia lá e emendava as fitas uma na outra – cortar a fita fisicamente e adesivá-las com fita para fazer o que é quase a trilha final de bateria.”


“A fita era tão emendada, eu tinha medo de tocar ela porque quase toda batida tinha um corte em cima. Nós a transferimos para uma máquina digital 3224 na época e aquela se tornou a trilha master de bateria, e dela James tocou suas guitarras, as linhas de baixo foram gravadas logo em seguida e daí os overdubs. Era como uma ‘edificação’. Todo esse processo demorou, ah, semanas [risos].”

De acordo com Rock, a demo de “Enter Sandman” tinha o riff e a levada basicões, mas os arranjos foram trabalhados muito na pré-produção. Originalmente, a primeira letra de Hetfield falava abertamente sobre morte súbita no berço. “E eu tive o maravilhoso encargo de dizer a ele que a letra não tava muito boa, que ele poderia melhorá-la.”, diz Rock. “Eu disse a ele, ‘eu acho que você pode achar uma maneira de dizer o que quer sem ser tão direto’. E isso foi o começo de uma maravilhosa amizade.”

Leia o artigo completo clicando aqui.

Comentários

S. Araujo disse…
Vamos colocar 50% das bandas que tocam com cabo de aço para gravar dessa forma e vamos ver no que dá. Música não é só abaixar afinação e gritar.
Cara, eu acho q nenhuma banda teria paciência pra encarar um processo de gravação de 9 meses como o Metallica fez... A produção do Black Album foi muito desgastante, demorada, detalhada demais; envolveu vários estúdios em países diferentes e ninguém sabia afirmar se valeria a pena... Felizmente o tempo respondeu essa questão! Porém, com os recursos q o Protools e outros programas oferecem atualmente, creio q não seria viável repetir uma produção como essa.

Muitas bandas, aliás, se tornam dependentes desses recursos na produção de um álbum - seja ele de inéditas ou ao vivo (sim, vários álbuns ao vivo são refeitos em estúdio). Logo, músico por músico, o computador é o melhor.
S. Araujo disse…
O problema é quando o computador faz as vezes do músico, quer seja do instrumentista ou do vocalista.

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