Parece que as empresas brasileiras de internet estão fortemente empenhadas a mudar o panorama do uso da rede fixa-residencial. E você sabe quais são as consequências dessa mudança para você? Confira uma amostra do que (de pior) vem por aí.
por Mario Megatallica
Assim como eu, quem está na internet há mais de 15 anos sabe o quanto era cansativo e estressante conseguir música no início da era digital. Ou você pedia a um amigo (forçando a amizade, é claro) que ele fizesse uma cópia de um CD pra vc, ou vc comprava um CD pirata (geralmente eram CD-Rs sem capa que os leitores de CDs da época mal conseguiam ler) ou então tentava fazer o download das músicas via internet (com conexão discada) através do Napster, Kazaa, E-mule, etc. Resumindo: era um verdadeiro teste de paciência. Surgiu o Youtube em 2004 e tudo mudou: ele apresentou ao mundo o famoso "streaming" - e daí em diante esse se tornou o padrão para audição musical. Com certeza foi uma revolução!
Quando o consumo de música dependia de downloads, as empresas de internet tentavam dificultar a pirataria cobrando preços exorbitantes pela conexão discada; nessa época, as pessoas eram praticamente obrigadas a usar internet a partir da meia-noite, que era o período mais barato do dia para se conectar. Anos depois, surgiram a banda larga e os valores fixos - que ajudaram bastante a popularizar o streaming - e tudo se ajustou: a demanda por música e videos com a oferta de internet rápida e barata.
Porém, como temos visto ultimamente nos jornais ao redor do Brasil, estas conquistas estão sendo ameaçadas por empresas que simplesmente querem virar o jogo contra o streaming. As maiores fornecedoras de internet agora pretendem impôr limites ao uso da internet através da volta da cobrança de valores exorbitantes na conexão banda larga. E o pior: com o apoio da AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES, órgão do governo brasileiro que deveria, entre outras funções, cuidar e manter os interresses do contribuinte brasileiro.
O fato é que o streaming de aúdio, vídeos e jogos está, agora, sob ameaça! E os usuários brasileiros correm o risco de voltar à era pré-histórica da internet, quando a conexão era escassa e extremamente cara. Você se lembra do processo de privatização do setor de telecomunicações, ocorrido no governo Fernando Henrique, que fez o preço das ligações fixas explodir, decretando a morte do telefone fixo residencial? Pois é... parece que estamos prestes a passar pelo mesmo processo com a internet residencial. Quem tiver mais condições vai poder assinar um plano básico, garantindo sua conexão por pelo menos quinze dias; quem não tiver condições vai ter que se contentar com o 3g/4g na rua.
Está claro que se o modelo atual de venda de internet for modificado, a conexão ficará restrita a consumidores domésticos de classes mais altas, empresas e órgãos do governo. SERÁ O FIM DO WI-FI como o conhecemos hoje. Será um enorme retrocesso em termos de uso da internet. Não haverá mais download de grandes arquivos, como jogos, softwares de áudio e vídeo, atualizações de sistema operacional, entre outras tarefas pesadas que geralmente realizamos em casa.
Como será o futuro dos usuários brasileiros que incorporaram ao seu cotidiano o uso do Youtube, Netflix, Spotify, Soundcloud, Easy Taxi, Uber, Dropbox, One Drive, Google Fotos e dezenas de outros serviços baseados em internet? Teremos que voltar a comprar CDs e DVDs piratas? Teremos que voltar a comprar pendrives e Hds externos para transportar nossos arquivos mais pesados? Teremos que voltar a frequentar lan houses para executar tarefas que antes eram feitas em nossas casas? Teremos que pagar impostos extras para ficar com o modelo atual? Uma coisa é certa: NÃO PODEMOS ACEITAR ESSA DERROTA SEM LUTAR PELOS NOSSOS INTERESSES. Se a Anatel está do lado das empresas, procuremos então outros aliados para lutarmos contra esse abuso de poder das empresas de internet... caso contrário, prepare-se para fazer expediente extra no seu trabalho, pois em casa você provavelmente estará desconectado.
No link abaixo você pode conferir mais consequências do racionamento de internet que as empresas querem impôr no Brasil:
Comentários