O novo álbum de estúdio do Megadeth, Dystopia, finalmente chegou às lojas virtuais do mundo todo e mostra que o som da banda continua furioso!
Dystopia: a fúria
por Mario Megatallica
O dia do lançamento do álbum estava marcado no site oficial da banda - seria numa sexta-feira, 22 de janeiro de 2016. E eu, com certeza, estaria preparado para conferir o álbum assim que ele estivesse disponível. Por isso fiquei acordado até a meia-noite do dia 21 de janeiro, aguardando ansiosamente a liberação do Dystopia na Windows Store para que pudesse ouví-lo o mais rápido possível. Dito e feito: às 00:00 do dia 22 de janeiro o álbum estava disponível para audição. Eu me senti como aquela galera do vídeo do Metallica, "A Year and a Half in the Life of Metallica", naquela cena clássica em que os fãs da banda faziam fila na porta das lojas de CD aguardando chegar a meia-noite para as lojas abrirem e então comprarem o Black Album! Foi uma sensação muito boa...
Pluguei meu fone de ouvido no meu telefone e comecei a ouvir o Dystopia. Observei na lista de músicas do álbum que as três primeiras faixas são justamente as que a banda divulgou previamente em suas redes sociais: "The Threat is Real", "Dystopia" e "Fatal Illusion". Nenhuma novidade até a terceira faixa... mesmo assim ouvi as três normalmente, na sequência que o Dave Mustaine determinou. Por sinal, não me lembro de ter ouvido uma sequência tão boa desde o Rust in Peace! A novidade então começou na quarta faixa, "Death from Within"; neste ponto meu cérebro já estava totalmente focado na audição das novas músicas e permaneci assim, hipnotizado pelo som do Dystopia, até a última faixa, "Melt the Ice Away" (cover da banda Budgie). Incrível!
Minha visão geral sobre o álbum Dystopia é que foram muito importantes as participações dos novos integrantes da banda - Kiko Loureiro (guitarra, ex-Angra) e Chris Adler (bateria, atual Lamb of God) - para que as novas músicas soassem realmente como novas. É bem perceptível como a maneira de tocar de Chris Adler modernizou o som da banda! Seu estilo casou perfeitamente com o estilo de Dave Mustaine e assim temos vários riffs de guitarra que ganharam mais peso e contemporaneidade, tornando a base do som algo moderno. Quem já ouviu algumas músicas do Lamb of God vai entender o que quero dizer. Quanto ao brasileiro Kiko Loureiro... chegou na banda e em pouco tempo adquiriu o respeito do chefe pois mostrou ser mais versátil do que muitos de nós poderiam imaginar. O cara simplesmente saiu da linha "virtuose" e trouxe de volta ao Megadeth o estilo Rock and Roll de fazer solos de guitarra. Rock and Roll rebuscado, aprimorado, elegante e sensato. E assim os solos do Megadeth voltaram a ser melódicos, assim como na era Marty Friedman (não, não quero dizer que o Kiko Loureiro é o novo Marty Friedman). A voz de Dave Mustaine, surpreendentemente, soa muito bem no álbum! Sim, ele voltou a atingir notas mais agudas e forçar mais sua voz rouca em determinados trechos, deixando o conjunto de cada música menos melancólico (algo característico do álbum anterior, Super Collider).
Chris Adler, Kiko loureiro, Dave Mustaine e David Ellefson. |
O som voltou a ter peso, velocidade e agressividade, assim como voltou a ter estruturas mais complexas, disputas de solos de guitarra e letras com conteúdo político. Aliás, as letras formam um conjunto quase conceitual pois falam claramente sobre temas que afligem a sociedade atual em nível global, como por exemplo ameaças terroristas, insegurança, ingerência de governos, corrupção e tudo mais que faz parte da cartilha ideológica do líder Dave Mustaine. Tudo está integrado em Dystopia: a arte da capa, os temas das músicas e o som veloz e cheio de tensões. Nesse contexto é óbvio que não há espaço para baladas ou músicas lentas e sentimentais, por isso não há nenhuma faixa desse tipo no álbum. Entretanto no álbum temos trechos com orquestrações, violão acústico e piano - nada de banjo desta vez.
De modo geral, Dystopia está mais elaborado ritmicamente - temos inclusive mais músicas em compasso composto (o Mustaine adora esse compasso!) - com contratempos e anacruses utilizados quase o tempo todo; está mais rico em melodias e harmonias, o que resultou em riffs, solos, duetos de guitarra e linhas de voz mais elaborados; não há, no entanto, tantas modulações e mudanças de andamento ou compasso, mas nem por isso as músicas ficaram entediantes já que a estrutura das composições conseguiu evitar tal problema. A produção do álbum está simplesmente ótima! Produzido por Toby Wright, Chris Rakestraw e Dave Mustaine no Lattitude South Studio, o resultado final está mais vibrante devido ao fato de não ter ignorado as frequências médias e agudas, por possuir mais distorção no som das guitarras e por não exagerar no uso de elementos artificiais no som da bateria.
Sim... mesmo após 30 anos de atividades, o Megadeth provou com Dystopia que é possível preservar a energia, a força, a vitalidade e a confiança de uma banda. É um álbum capaz de renovar a base de fãs da banda pois tem elementos suficientes para inspirar adolescentes do mundo todo a montar bandas, escrever suas próprias músicas e manter o Thrash Metal e o legado do Megadeth vivos. E me arrisco a dizer que este será o melhor álbum lançado recentemente por uma banda "Big 4"! Certo... vamos esperar os novos álbum de Metallica e Anthrax para sabermos se estou certo.
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