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Resenha do álbum Super Collider do Megadeth

O décimo quarto álbum de estúdio do Megadeth tem levantado discussões calorosas entre os fãs da banda. Mas será que há motivo para tanta discórdia?

por Mário Megatallica

Pela primeira vez desde que me tornei fã do Megadeth há dezenove anos aguardei cerca de um mês antes de ouvir o novo álbum deles, o Super Collider. Confesso que foi um período um pouco angustiante, mas creio que foi necessário para poder formar a minha opinião de forma mais consistente.

Assim que o álbum foi lançado procurei acompanhar a opinião da "galera" - que serve muito bem como termômetro para a repercussão dos trabalhos da banda. Acompanhei discussões no Google Plus, no Whiplash, no Youtube, enfim, nos meios mais utilizados pela galera pra expor a sua opinião. O interessante foi perceber que, hoje em dia, é necessário um "estopim" para o debate começar... as discussões se iniciam geralmente a partir da opinião de alguém que, obviamente, ouviu o álbum completo e resolveu dizer o que achou dele; a partir daí muitos outros fãs começam a formar a sua própria opinião.

O que fiz desta vez foi o caminho inverso do processo: primeiro procurei "formar" minha opinião para depois ouvir o álbum (se é que isso é possível). Você deve ter acabado de pensar "esse cara está ficando louco" ou algo desse tipo... mas garanto para você leitor: foi a melhor coisa que eu fiz! Vou explicar rapidamente porque e então seguirei com a minha opinião sobre o Super Collider.

A maior parte das resenhas que li na internet diziam que o som do Megadeth estava "irreconhecível", ou então que o álbum era muito "comercial", "mais lento que o normal", "sem graça"... e fãs afirmando, inclusive, que a banda "já deu o que tinha que dar". E isso tudo acabou influenciando a minha "pré-opinião". Eu pensava que a banda havia "chutado o balde" e feito algo do nível do Risk (o álbum mais rejeitado da história do Megadeth).

Um mês depois do lançamento do Super Collider, resolvi finalmente escutar suas músicas e saber se realmente a reclamação da galera procedia e se o álbum de fato estava tão catastrófico. Assim que a introdução da primeira faixa ("Kingmaker") começou, eu já tinha em minha mente o pré-conceito de que não iria curtir o álbum, por isso, estava preparado psicologicamente para lidar com a minha decepção. E assim que a música começou...

"Kingmaker", a primeira faixa, já me deixou um pouco aliviado (hehe). Pensei "se o álbum for mesmo um lixo, pelo menos essa salvou!" e curti bastante o peso e a velocidade dela. Assim fui ouvindo o álbum, música por música... fui me "desarmando" do meu pré-conceito - e ao mesmo tempo sentindo um certo alívio, percebendo que, felizmente, havia uma carga de exagero pejorativo em boa parte do que li na internet.


Os elementos que o Dave Mustaine utilizou para compor o material do Super Collider já foram explorados por ele em várias fases do Megadeth nos últimos vinte anos. Não há novidade nenhuma no som da banda... certamente isso não é bom; mas também não é ruim! No decorrer do álbum identifiquei algumas ideias que foram exploradas de forma semelhante em músicas de álbuns como The System Has Failed, The World Needs A Hero, Criptic Writtings e Youthanasia. E logo me veio a seguinte pergunta: de onde então vêm as reclamações e frustrações dos fãs do Megadeth com o Super Collider?

Realmente o álbum possui mais músicas lentas do que rápidas. Também não está tão agressivo. Para ser sincero, nem mesmo o clipe da música "Super Collider" ajuda muito (o video tem um clima mais de romance do que de qualquer coisa ligada ao universo do Metal). Mas o som da banda está bem pesado! O clima de sarcasmo e ironia das músicas também é evidente... e, claro, a banda se deu o direito de experimentar uma linha diferente para não repetir o som dos seus dois últimos álbuns. Há bastante melodia, harmonias muito bem exploradas, refrões muito marcantes (como o da "Forget To Remember"), solos bem mais melódicos (Chris Broderick cada vez mais se superando ao lado de Dave Mustaine), bateria sem "excessos técnicos", baixo fazendo contraponto com guitarra-base e complementando a harmonia e arranjos... poxa, tem muita coisa boa nesse álbum!

Como eu disse antes, a melhor coisa que eu pude fazer antes de ouvir o Super Collider foi observar a repercussão dele na internet porque só depois de ler tantas análises negativas sobre o álbum pude (com prazer) mudar de opinião e concluir que o Super Collider é um álbum muito bom. Nesse ponto preciso de fazer uma "ressalva" curiosa: hoje, aos 34 anos, depois de acompanhar o Megadeth por dezenove anos, consigo classificar o Super Collider como muito bom; no entanto, se eu ouvisse o mesmo álbum quando tinha dezoito anos, com certeza diria que o álbum é uma porcaria... E por que? Porque aos 18 anos eu esperava das bandas que eu curtia um Metal sempre veloz, agressivo e pesado e que elas respeitassem, acima de tudo, a preferência dos fãs. Hoje compreendo que a música é, antes de mais nada, fruto do momento de cada músico, assim como de muitos outros elementos que fazem parte de sua vida... O fato de a banda ter mudado de gravadora, ter gravado tudo em estúdio próprio, ter montado um selo próprio, além das sequelas do acidente que Dave Mustaine sofreu mais de dez anos atrás, junto com o momento vivido pela cena Metal mundial, com certeza influenciam suas composições.

E, pensando bem... o Super Collider é um álbum muito bom para ser ouvido com seus amigos numa reunião qualquer, num bar, numa festa, enfim, em momentos em que queremos apenas ter o som da nossa banda preferida rolando sem precisar de sentar pra analisar seus aspectos técnicos - apenas para curtir e cantar junto. Por isso, não tente comparar o Super Collider com o Rust In Peace ou cobrar do Dave Mustaine que ele componha outra "Holy Wars" ou outra "Symphony of Destruction"; se você insistir nisso, será eternamente um fã frustrado e não será capaz de perceber como o Super Collider é bom. O melhor do Megadeth é que o Megadeth ainda está ativo - e fiel ao seu estilo. 



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