Minha apresentação no 3º Seminário de Pesquisa em Música da EMAC

O convite para me apresentar na palestra de abertura do 3º Seminário de Pesquisa em Música da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG foi, para mim, tão surpreendente quanto a própria inclusão do meu trabalho de conclusão de curso (O Mercado Musical Independente em Goiânia, 2002) no livro "Pesquisa em Música", da Profª Drª Eliane Leão. Por isso faço questão de registrar aqui como foi a minha apresentação neste dia tão importante.

por Mário Megatallica


A sensação de voltar, dez anos depois, ao prédio onde concluí o meu curso de licenciatura em Música foi incrível. Muita coisa mudou; tanto a EMAC quanto a UFG como um todo tiveram uma expansão evidente nesse período e tudo parece ter ficado maior e mais organizado. O curioso foi notar que o aspecto visual bucólico e intimista continua preservado dentro da faculdade onde estudei!

Chegando no prédio reencontrei algumas pessoas com quem estudei durante o curso de Música - e isso foi muito bom... parecia que o tempo não havia passado e que estávamos todos ali, conversando sobre teoria,  técnicas de execução de instrumentos e peças eruditas, sobre provas e trabalhos do curso. E por outro lado, a expectativa de me apresentar com alguns ex-colegas me deixava cada vez mais empolgado.

Profª Eliane Leão
A Profª Eliane Leão (que foi minha professora de Arte e Educação e orientadora da minha pesquisa) reuniu os palestrantes presentes e nos guiou até o local da nossa apresentação para nos prepararmos. O local, por sinal, era uma sala de aula (onde estudei disciplinas como Percepção Musical e Teoria Musical) que foi transformada em um mini-auditório. Após todos nós, do grupo de pesquisa da Profª Eliane, passarmos nossos arquivos da apresentação para um computador, o evento foi oficialmente iniciado.

Obviamente a palestra foi inaugurada e conduzida pela Profª Eliane Leão, que fazia ali o lançamento oficial do seu livro, que se trata de uma compilação de pesquisas musicais relacionadas com diversas áreas do conhecimento humano. Ela falou um pouco sobre como se iniciou o  processo de formação do seu grupo de pesquisa, mostrou com fotos e videos quem eram as pessoas, onde aconteciam as atividades, como foram conduzidas as pesquisas e como foi necessário contar com o tempo para conseguir chegar no resultado apresentado em seu livro.

Após sua introdução, ela passou a palavra para a professora de Estatística Adriana Vilas Boas, que explicou aos presentes como foi sua colaboração para a análise dos dados obtidos em algumas pesquisas conduzidas pelo grupo. Na sequência, os próprios pesquisadores assumiram o microfone para detalhar alguns aspectos das pesquisas apresentadas no livro. 

Fui o terceiro do grupo a falar para o público. E eu tinha certeza de que iria surpreender a grande maioria dos presentes, afinal, ali eu possivelmente não passava de um "ilustre desconhecido". 

Eu estava ali com dois objetivos: apresentar os aspectos técnicos do meu trabalho de conclusão de curso e para representar (e desmistificar) uma categoria de músicos que possuem pouco prestígio em ambiente acadêmico: o músico "popular", que escuta e faz Rock ´n´ Roll. Por isso fiz questão de ir vestido "caracterizado", com minha camiseta preta e calça jeans. Lembre-se que esse era um evento oficial de pesquisa acadêmica! 

Na minha apresentação eu optei por ser bem objetivo nas questões mais técnicas, como descrição da metodologia aplicada e análise dos dados obtidos, afinal, tudo isso está devidamente registrado no livro "Pesquisa em Música". Logo, priorizei detalhar aspectos "de bastidores". Citei algumas curiosidades, como: o caso da disciplina "Metodologia de Pesquisa Científica" não fazer parte da grade curricular do meu curso na época; a forma como surgiu a ideia de pesquisar a cena musical underground de Goiânia - depois de assistir ao programa Alto Falante, que divulgava o festival Goiânia Noise como sendo um dos maiores do Brasil no segmento independente; a coleta de informações por meio de entrevistas com público, bandas, organizadores de eventos, jornalistas e outros profissionais envolvidos na cena; o fato de trabalhar praticamente com divulgação em papel, já que a internet que tínhamos na época era muito cara e lenta (50Kbp/s era a velocidade de conexão mais comum na cidade em 2002); e como todos os envolvidos na cena musical underground de Goiânia acreditavam que esse mercado tinha potencial para se manter, expandir e revelar bandas para todo o Brasil.

No fim da minha apresentação exibi algumas notícias veiculadas na imprensa local corroborando a importância da cena musical underground goianiense em nível nacional, revelando bandas que regularmente fazem shows fora de Goiás, que gravam e vendem CDs fora do país, que produzem videoclipes de forma independente e conseguem aumentar cada vez mais sua audiência através da internet (que, hoje em dia, está mais acessível e mais rápida) e que até se apresentaram em festivais de grande porte, como o SWU. Tais matérias serviram para confirmar a expectativa dos entrevistados por mim dez anos atrás. Detalhe: perguntei para o público presente se alguém ali sabia de tudo isso que estava acontecendo na nossa cena musical independente. A resposta foi muitas cabeças balançando negativamente - e algumas expressões aparentes de surpresa. 

Enfim, a minha apresentação foi bem objetiva, interativa e informal, de forma que os presentes puderam ver e ouvir, de um músico que sempre frequentou a cena musical underground de Goiânia, informações sobre um fenômeno real e pouco conhecido, que é o nosso mercado musical independente, feito por pessoas apaixonadas pelo que fazem, movidas pela música que curtem - Rock ´n´ Roll - e que mostram para o Brasil que Goiânia, musicalmente, vai muito além do estilo sertanejo consagrado na grande mídia nacional.

Veja abaixo mais fotos que registraram o evento! 
















  


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