Black Sabbath antigo ou novo: qual a sua escolha?

por André Wilker de Oliveira*

O Black Sabbath, como todos já sabemos, é uma das mais conhecidas bandas do cenário rock/metal, tendo influenciado músicos dos mais variados estilos desde o final dos anos 60. Responsáveis por canções que se transformaram em hinos, têm fãs fieis espalhados por todo o mundo, fãs esses, como este que vos escreve, que a consideram uma das maiores bandas de Rock de todos os tempos. 

Após a saída de Ozzy Osbourne, o vocalista da fase inicial da banda, houve, por parte de um imenso contingente de fãs, o que poderíamos chamar de “resistência” aos outros vocalistas que o sucederam. Este é o assunto que discutiremos aqui. 

Segundo o site Fanzmosis Ozzy Brasil, em 1977 Ozzy deixou o Sabbath para dar mais atenção à sua própria vida, já que andava bebendo muito, o que, junto à morte de seu pai, o fez deixar a banda. Já em 1979, ele foi expulso da banda. Os motivos não são muito claros, mas supõe-se que Iommi já estava cansado dos problemas de Ozzy com as drogas, além do que eles estavam tentando escrever outro álbum, que viria a se tornar o Heaven And Hell (primeiro álbum com Dio), e que não saía de jeito nenhum. 

A importância de Ozzy para o Sabbath e para o mundo da música é inestimável, seus trabalhos marcaram gerações. Ozzy tem a incrível habilidade de revelar excelentes guitarristas (vide Randy Rhoads e Zakk Wylde) e de emplacar hits como “Sabbath Bloody Sabbath “ e “Paranoid”(com o Black Sabbath), “Crazy Train”e “Mr. Crowley” (carreira solo) e tantos outros. A imagem de “Principe das Trevas” que criou em torno de si, rendeu-lhe credibilidade junto ao seu público, sendo um dos artistas mais respeitados do meio. 

Em resumo, a tarefa de substituí-lo seria ingrata a qualquer incauto que tentasse. Porém, um cidadão chamado Ronald James Padavona, mais conhecido como Dio (Elf e Rainbow), foi convidado a assumir os vocais e participou de cinco trabalhos com o Sabbath, são eles: Heaven and Hell (1980), Mob Rules (1981), Live Evil (1982), Dehumanizer (1992),  The Devil You Know (2007). Dio morreu às 7:45 da manhã (horário local) de 16 de maio de 2010, de acordo com as fontes oficiais. Quem teve a oportunidade de ouvi-lo, notará com certeza que não apenas os vocais mudaram, mas a “cozinha” instrumental também soava diferente, explico; na época de Ozzy, provavelmente influenciados pelo contexto musical herdado dos anos 60, um pouco da loucura hippie talvez ,o Black Sabbath apresentava algumas características psicodélicas agregadas ao seu som, como trechos em seus primeiros álbuns que remetiam a uma atmosfera de obscurantismo, para exemplificar . O instrumental parecia ser mais cru, sem tantos recursos, era uma época de descobertas e não havia muitas bandas que servissem de referencia para aquele estilo. Quando Dio entrou na banda, o Black Sabbath estava no período de transição da década de 70 para a de 80, época onde se iniciou a efervescência de bandas de Heavy Metal. Acredito ser neste período que o Sabbath tornou-se um representante do Heavy Metal propriamente dito. Para os fãs de Dio, sua passagem pela banda foi o ápice do Black Sabbath. Realmente o som estava mais atual, mais técnico, Dio impôs sua marca e o Sabbath inaugurou uma nova etapa em sua história. Dio provavelmente foi o mais bem sucedido vocalista a passar pelo Sabbath depois de Ozzy. 

Devido a divergências com o líder da banda, Tony Iommi, que o acusava de ter alterado as mixagens de voz deliberadamente no disco ao vivo Live Evil, lançado em dezembro de 1982, Dio deixa a banda e após varias tentativas com outros vocalistas, é substituído por Ian Gillan, do Deep Purple. Posteriormente, em 1992, ocorre o retorno de Dio no mítico álbum Dehumanizer, sendo o derradeiro trabalho de estúdio com o Sabbath. 

Born Again(1983) é o nome do álbum com Gillan nos vocais. É um disco mais pesado, sujo e cujas letras provocaram muita polêmica na época, talvez por esse fato, não teve boa aceitação da crítica, mas em compensação, teve do público; ficou em 4º lugar nas paradas inglesas. Até a capa do disco, que mostra um bebê demônio, causou furor e pode-se dizer que é a mais intrigante – pra não dizer assustadora – de toda discografia do Sabbath. Ian Gillan gravou apenas esse trabalho e voltou para sua banda original, o Deep Purple. Particularmente, considero o álbum mais agressivo e sinistro do Sabbath, parece que foi feito tendo como pano de fundo o filme “O Exorcista”(1973) de William Friedkin, baseado no livro de William Peter Blatty. Os riffs de guitarra são chocantes, e o vocal de Gillan, inacreditavelmente elaborado. Se me perguntassem qual álbum do Sabbath mais influenciou bandas do gênero Black/Doom Metal, eu diria Born Again. 

Os Renegados 

Bom, quero deixar bem claro que o título deste tópico não reflete a minha opinião, mas é fato que esse assunto divide os fãs. Posso dizer que a rejeição aos outros vocalistas que passaram pelo Sabbath , com exceção dos três já citados, é tema recorrente nas rodas de apreciadores de Heavy Metal. Ao longo da historia do Sabbath, várias tentativas com outros vocais foram feitas, mas nem todas foram lançadas no mercado. Após Born Again, houve o êxodo dos demais integrantes da banda, permanecendo apenas Toni Iommi. O próximo álbum, chamado Seventh Star, foi praticamente um trabalho solo de Iommi. Com uma formação completamente nova, trazendo nos vocais Glenn Hughes, que já gravou com o Deep Purple, é um bom álbum, mas me soa melancólico, talvez pela fase solitária em que atravessava Iommi. Recheado de teclados, manteve a tendência que vinha seguindo a banda. Glenn Hughes gravou apenas este trabalho. Tony Martin, o próximo vocalista a adentrar à banda, foi o mais injustiçado e o que mais recebe criticas, negativas ou positivas, tanto de fãs como da crítica especializada. Tony Martin gravou cinco álbuns: The Eternal Idol (1987), Headless Cross (1989), Tyr (1990), Cross Purposes (1994), Forbidden (1995). Muitos comparam sua forma de cantar a de Dio, mas não com toda a qualidade que este apresentava. O Black Sabbath com Martin é uma banda completamente diferente de com outros vocalistas; o som está mais moderno, mais aos moldes das bandas de Metal tradicional/Hard Rock que viriam na década de 90. 

Destaco três títulos que foram os mais bem recebidos: Headless Cross (1989), Tyr (1990), Cross Purposes (1994). Observo que os maiores apreciadores dessa etapa do Sabbath são os fãs de Metal Melódico/Tradicional, enquanto os que preferem o metal mais agressivo vêem com melhores olhos os períodos anteriores. As excessivas mudanças na formação também podem ter sido um fator para a perda de popularidade; os fãs de rock acabam se identificando muito com os integrantes de suas bandas preferidas, com suas roupas, corte de cabelo, sua atitude no palco, suas declarações e com as notícias que são vinculadas na mídia. Dessa forma, o Sabbath pode ter perdido parte de sua identidade, pelo menos no que diz respeito às formações. 

Enfim , para encerrar, falta falar da passagem de Rob Halford (Judas Priest)no Sabbath. Apesar de sua notória qualidade vocal e experiência, a voz de Rob não me agradou nas interpretações das músicas da fase Ozzy,no entanto gostei bastante quando cantou as da era Dio. Essas músicas podem ser encontradas no YouTube, caso queiram tirar suas próprias conclusões. 

É isso aí meu amigo, obrigado pela atenção. Aguardo comentários para complementarmos esse assunto.


*André Wilker é músico, guitarrista.

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